13 de mai. de 2009

ENTREVISTA - MARCEL CADIDÉ

Em entrevista ao Blog do CR-15, Marcel M. Cadidé fala sobre sua passagem pela FEEB, do movimento espírita em geral e do Espiritismo, para os leitores.
Marcel Cadidé Mariano, 44 anos de idade, natural de Juazeiro/Ba.; Bel. em Direito pela UCSal – Universidade Católica do Salvador e Professor licenciado em História pela FFPP – Faculdade de Formação de Professores de Petrolina/PE.; Assistente Jurídico do Menor lotado na 1ª Vara da Inf/Juventude de Salvador/Ba.; funcionário público concursado do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia; Ex-Diretor de Integração Federativa da FEEB – Federação Espírita do Estado da Bahia; médium e expositor espírita; trabalhador do “Centro Espírita Sementes de Luz”, na cidade do Salvador/Ba.
CR-15: Ao concluir suas gestões como Diretor Federativo da FEEB, qual o balanço que você faz desse período?
Marcel Cadidé: Período positivo e imensamente compensador. Pude ampliar, e muito, minha lente de observação sobre o Movimento Espírita Baiano, pois percorrir mais de uma centena de municípios nesses seis anos em que estive à frente da Diretoria de Integração Federativa da FEEB, nos quais pude visitar centenas de Instituições Espíritas, tanto na Bahia quanto em outros Estados. Estabelecemos como meta na primeira gestão (2003/2006) o slogan "a FEEB mais perto de você", pelo que foram desenvolvidas ações e projetos para que a FEEB estivesse mais próxima dos Centros Espíritas e dos seus trabalhadores e dirigentes, o que resultou num número recorde de adesões (mais de 35 nesse período); já na segunda gestão (2006/2009), nos valemos do slogam kardequiano "Trabalho, Solidariedade e Tolerância" , aprofundando esses relacionamentos conquistados na gestão primeira, sendo que chegamos a um total de 56 instituições aderindo formalmente à FEEB, o que demonstra que quem estava distante aproximou-se, permutando experiências novas. Estivemos em todos os encontros da Comissão Regional Nordeste e no Conselho Federativo Nacional, trocando idéias com os demais trabalhadores e dirigentes de outros Estados da Federação, o que foi deveras enriquecedor. Saí da Vice-Presidência da FEEB agora em Abril de 2009 extremamente enriquecido com esses seis anos de contato com o Movimento Espírita via FEEB, o que vai continuar agora sem o peso da responsabilidade do transitório cargo, ora sob os ombros firmes de nossa Creuza Lage.
CR: - O movimento espírita baiano tem sérias dificuldades de organização e administrativas. Como a FEEB atuou junto as estas questões?
MC - Concordo. No tocante à organização muitas instituições estão vivendo de passado, como se fossem museus do Espiritismo - seus dirigentes desconhecem informática, não existe computador ou telefone no Centro, ainda persiste o nome "tesouraria" para uma atividade meramente financeira e as secretarias, de modo geral, não funcionam, pois que não se responde aos expedientes e cartas que chegam pelos correios. No tocante às administrações, já temos Assembléias Gerais mais conscientes, impedindo pelo voto livre o acesso de ditadores e déspotas ao cargo de presidentes, havendo uma maior conscientização de que todos nós somos responsáveis pelo destino da Casa Espírita em que militamos, não tão somente o dirigente máximo da Diretoria Executiva. O papel da FEEB foi o de fortalecer essa nova geração, abrindo eventos para discussões coletivas acerca de um Centro Espírita antenado com as necessidades de seus frequentadores, propondo métodos mais eficazes de gestão administrativa, como o CADE (Capacitação Administrativa para Dirigentes Espíritas), para que os Centros não colidam com as leis ora em vigor no país, leis essas na sua maioria desconhecidas dos dirigentes.
CR - Qual a sua visão do movimento espírita brasileiro e mundial? O Espiritismo tem avançado nas mentes e corações humanos?
MC - No Brasil, o Movimento Espírita se expande dia a dia. Estou completando 28 anos de pregação espírita ininterrupta (1981/2009), já tendo viajado por quase todos os Estados da Federação, pelo que falo com conhecimento de causa. Mas esse crescimento pode nos custar (e já está nos custando) um preço muito alto - perda da qualidade, porque tudo aquilo que cresce em quantidade tende a perder contato com a qualidade, divorciando-se de sua essência. O próprio Cristianismo pagou esse preço e o que temos hoje em dia pouco reflete a mensagem de Jesus, tão maculada está pelo dedo viciado dos homens, com suas taras e vícios. No aspecto mundial, o CEI - Conselho Espírita Internacional tem feito um trabalho extraordinário, credor de nossa reverência e respeito, já tendo agregado cerca de trinta países, havendo promessa de que outros vão aderir ao movimento de expansão dos ideais espiritistas, sendo que tais iniciativas são geralmente movidas por brasileiros residentes no exterior. Estou em oração por esse êxito.
CR - Qual a sua expectativa para o movimento espírita baiano nos próximos 3 anos?
MC - As melhores possíveis. Sob a batuta de André Luiz Peixinho, atualmente Diretor Presidente da FEEB, esta deve avançar muito em setores que não nos possível aprofundar nos seis anos que ora se findaram, sendo que parte da equipe que atuava na gestão anterior permaneceu e permanece extremamente compromissada com o avanço dessas propostas. Deve ele buscar a auto-sustentabilidade financeira da FEEB, que é um dilema que todo os presidentes enfrentaram e hão de enfrentar, bem como o redimensionamento dos atuais Conselhos, sejam eles Regionais ou Distritais em todo o Estado, já que eles não mais refletem a dimensão territorial da Bahia após quase quarenta anos de sua criação. Estou ao lado de Creuza como parceiro e colaborador para continuar essa idéia que não vingou inteiramente porque não tivemos tempo para implantá-la integralmente.
CR - Percebe-se que os jovens tem se afastado das casas espíritas. Qual a sua opinião sobre isto e quais seriam as ações visando reverter este quadro?
MC - Todas as federativas do Brasil acusam este problema, que é nacional. Todos estamos preocupados com o afastamento da criança e do jovem da Casa Espírita, e estamos empenhados em diagnosticar as causas, minorando essa hemorragia infanto-juvenil, até porque sem jovens atuando no Movimento não pode e não haverá renovação das lideranças atuais, que vão envelhecendo e pela idade mostram-se refratárias às mudanças, sendo importante que o jovem esteja presente e inserido nesse contexto para assumir essa funções quando os mais antigos estiverem de retorno ao mundo espiritual. As CONJEB's, promovidas pela FEEB a cada dois anos, tem procurado trabalhar esse desafio na sua matriz, convocando as juventudes atualmente existentes e em pleno funcionamento para uma reflexão conjunta sobre esse palpitante assunto. As respostas podem estar a caminho.
CR - O mundo convive atualmente com notícias envolvendo violência, pedofilia, corrupção, crimes, etc. Como o Espiritismo e os Espíritas podem auxiliar no combate as essas mazelas sociais?
MC - Sendo hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje. Não posso mudar ninguém, mas posso mudar a mim mesmo. Todas essas tragédias sempre ocorreram e vão continuar ocorrendo, mas precisamos viver pacificamente ao lado do escândalo sem nos escandalizarmos, nem nos tornarmos instrumentos infelizes dessas ocorrências perturbadoras, já que, conforme disse Jesus certa ocasião, quem venha a promovê-los por eles se tornará responsável. Optemos pela posição de vítimas, quando possível, jamais de algozes. O conhece-te a ti mesmo continua atual e poouco conhecido, pelo que considero que será por esse caminho milenar que vamos reverter esse quadro ainda tão inquietante, a nos cercar cotidianamente.
CR - Deixe uma reflexão para os leitores do Blog do CR-15.
MC - A quem nos venha ler, rogamos desculpas se nosso pensamento não seja compreendido de imediato, bastando que cada um reflita o lido e medite o vivido, buscando acertar mais e errar menos na vida relações afetivas, a fim de que possamos todos juntos construir uma sociedade mais justa e fraterna, tanto para nós quanto para nossos filhos e demais descendentes. Muito obrigado pela oportunidade. A todos, nossos cordiais votos de muita paz.

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