8 de dez. de 2008

MUDA OU ACABA - ARTIGO

Elis Regina, em a música Como nossos pais, de Belchior, expressa: “É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem...”, remetendo-nos a incontida onda sempre existente de que as resistências ao novo são por si só inócuas, pois o novo sempre chega, inclusive nas religiões.É certo que, não há muito, se diagnosticava sobre o fim das religiões; no entanto, temos visto uma espécie de reavivamento do fervor religioso acompanhado por uma diversificação das práticas, em uma espécie de atualização da sintonia, em busca do que os fiéis esperam, querem. Por esta razão, as religiões neopentecostais têm tido um grande incremento de seus seguidores. Elas estão, vão aonde o seu povo está, em seus anseios e necessidades.Se é certo este aumento, por outro lado, aquelas religiões que insistem em suas pregações meramente sectárias, proselitistas estão, sem sombra de dúvidas, a caminho do emboloramento de seus púlpitos, pela não renovação de suas pregações e estilo de comunicação com as necessidades de seus fiéis.A face do nosso mundo tem mudado muito rapidamente nos últimos cinqüenta anos. O atual estado mundial de globalização engendrou uma nova ordem e um contexto cultural que tem sido entendido como uma nova condição de exercício da humanidade: condição pós-moderna. E, nessa condição, não cabem as mesmas propostas de sempre, como base em uma religião de opressão, medo e cultivo da dor como forma de elevação e gozos futuros. As pessoas estão imediatistas, inclusive, no encontro do “céu” aqui e agora.Assim, as religiões que teimam em não atualizar a sua comunicação com as massas estarão fadadas a uma não renovação de seus quadros, de seus pregadores e, conseqüentemente, ao seu abandono.A Igreja Católica insiste em não aceitar casamento dos seus clérigos, logo muitos deles vivem uma vida dupla, quando não se perdem nas torpezas de suas distorções sexuais. A vocação sacerdotal está em xeque, em decréscimo constante.O Espiritismo insiste em um “eruditismo” que não acrescenta nada às dores dos que querem consolo, alento. O novo imita o antigo, não se renova em trilha de novos estilos. Resultado: não se vê renovação de seus quadros de pregadores, logo são sempre os mesmos que estão envelhecendo e não atraem mais jovens, entusiastas, pois a sua doutrina, pregação não encanta, não arrebata. São catequeses pesadas, chatas e sem atrativo para a geração do Google, da busca automática, imediata.Recentemente, os judeus de Jerusalém deram sinal de que também buscam mudanças, pois elegeram como seu prefeito um judeu laico, desbancando um ultra-ortodoxo, que vivia para orar e a expensas do Estado de Israel. Vemos que, historicamente, o medo tem a função de bloquear os comportamentos, de gerar um imobilismo. Logo, os “líderes” religiosos, ainda que guardem o respeito de seus seguidores antigos, temem a perda de posições e “prestígios” diante do novo, da renovação. Todavia, já se percebem as transformações engendradas pela pós-modernidade na religião, como condição de possibilidade de uma nova perspectiva, de um contexto mais próximo do humano, a partir do qual novos desafios epistemológicos ganham corpo e esperam novas formulações, ou isto acontece ou inexoravelmente algumas religiões serão apenas lembranças históricas de seus bons idos tempos de empolgação e agregação de fiéis.

José Medrado é médium, fundador e presidente da Cidade da Luz

2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia Medrado...
Concordo contigo, é preciso mudar. Mas qual é o caminho para esta medança no espiritismo, melhor dizendo, no movimento espírita? Somos tão "sensíveis" a tudo, mal nos respeitamos, veja as farpas trocadas no movimento. Como, o quê e qual seria a nova cara do movimento espírita?

Abraços,
Manoel M. Barbosa - Jacobina-BA

Anônimo disse...

Amo de paixão Medrado. Por que ele não vem mais a Jacobina? Tragam Medrado ano que vem.

Maria do Socorro - Jacobina